Para ver em quantos rumos eu posso andar.
(não revisado)
Um conto meu, de mim.
Falando entre espiões.
O que estou fazendo? Às vezes penso em meu próprio
pensamento que estou enlouquecendo. Ouvi uma vez na televisão sobre a tal da
esquizofrenia, coisa de ficar falando só o tempo todo. Não sei se fala com a
pessoa própria mesmo. A gente depois de adulto não pode lembrar um pouco como é
ser criança e inventar alguém para acabar com a solidão? . Bom, ‘tô eu aqui,
quatro horas da amanhã, no banheiro, puxando um grosso fio de sangue que sai de
mim. Quando penso isso já duvido se meu pensamento não pensou que isso poderia
ser um aborto, o resto de um feto, mas logo vejo que só pode ser um pensamento
de um homem que há dentro de mim, que não conhece nem de nome os períodos,
imagina saber a viscosidade do sangue, da cor batida de um vermelho bofete,
dessa liga estranha que vem da vida.
Porra!
Que maldição a quina dessa pia, não basta estar com
hemorragia, tem que ter crise de espirro e foder o dedinho do pé.
Tenho percebido ultimamente, e é o que quero me contar hoje,
que minhas pernas são estúpidas, e que tenho que fazer algo com elas. Não sou
manca, nem coxa, nem tenho buracos no meio das pernas, não sou de muitos
buracos, lembro-me de dois buracos agora, aquele, o obrigatório em que tive que
vir à vida, e o do mijo da gente, mas, então, minhas penas são realmente estúpidas.
Ganhei um coração de almofada, ou uma almofada de coração,
escolho depois qual a sentença me faz mais sentido, que me serve muito bem em
carinho, que me faz bastante companhia quando eu tenho tempo de ficar em casa.
Ontem eu encontrei um menino, um charminho, e tenho dito isso
para mim desde então. Baixinho, não tão baixo, mais alto um pouco do que eu, de pele
perfeita, de lábios finos, rosados, de cabelo liso, preto azulado, de corte
curto, poderia jurar que tinha gel. Quem usa gel hoje? Bom,
esse charminho passou por mim em um dia idiota, e como todo charme causa
idiotice nos outros, minhas pernas ficaram mais estúpidas que o normal. Mantive
os ombros retos, a cabeça segurada por uma linha como em um balão de aniversário,
tive-a ereta! Mas as pernas, minhas pernas, que estupidez! As suas formas
viraram quadris, embundeceram. Ao menos, esse menino salvou meu dia, quem se
importa com as penas curiosas quando se tem gel para pô-la nos cantos?
Lembrei-me de um cartaz que vi hoje, na verdade, um pedaço de
papel impresso colado em um poste, e parei para lê-lo. Dizia assim;
“Venha descobrir os mistérios de sua mente, conte-me tudo
sem falar-me absolutamente nada, e se desejares alguém a(o) trago em dez dias,
de acordo com a aprovação do pagamento pelo cartão visa ou master”.
Depois que li esse cartaz decidi não pensar mais pelo resto
do dia, é cada coisa idiota que a gente lê, mas como está de madrugada me esqueci disso enquanto limpava - eu - sei - o que - no banheiro.
Se você, caro leitor de mente, esperava algo além de meu pensamento, desculpo-me a mim e me vou à cama, que já é madrugada e o serviço é grande pela manhã.
Adeus!
Se você, caro leitor de mente, esperava algo além de meu pensamento, desculpo-me a mim e me vou à cama, que já é madrugada e o serviço é grande pela manhã.
Adeus!